Duelo de Facas, Surippas e Hosomaki de Morango, Salmão e Cream Cheese

Ontem eu enganei a segunda-feira e fui trabalhar de Havaianas. Inspiração que encontrei na fan page da marca no Facebook. E como ando assim meio na contra corrente, dei uma de descolada e me mandei de  sandalitas para a escola. Óbvio que não passei nem da soleira da cozinha. Lá calcei meus sapatinhos de segurança - não os de cristal! Me sinto uma holandesa, aliás. Mas, cozinha é coisa muito séria.  Séria mesmo :=] Pelo risco de contaminação e de se machucar, não se pode nunca usar as sandálias para cozinhar num ambiente industrial. 

Que pena! Deixa os aventais floridos e as Havaianas para uma cozinha gourmet bacanérrima, al mare ou à beira. Delícia... Adoro cozinhar assim... Descolada. Desvairada. Descontrolada. Ai! Cuidado para não deixar cair a faca!

Um Genkan com bike e tudo. Pronto pra ser... do meu irmão!

Mas, por falar em sandálias, bateu uma lembrança da minha infância, quando meu pai foi a trabalho para o  Japão. Minha mãe, quando voltou de lá, tentou implementar o hábito do 'genkan' e do 'surippa'. O genkan é um pequeno hall de entrada das casas japonesas, onde se deve deixar os sapatos antes de entrar em casa. Daí, você calça um 'surippa', um chinelo que se usa só dentro de casa. Assim, evitam-se contaminações. Sabe-se lá no que pisamos na rua, pensou a bela.

O Curumim e o Beija-flor

A fera aqui achou a idéia louvável, até porque a casa é nosso templo sagrado. Mas, pobre mamãe avant garde, o hábito não pegou. Os curumins tupinikins não conseguiram ser catequizados. Hábito vem do berço. E quem domina é a cultura da 'Terra Madre'. Isto é indiscutível. Você tira o indiozinho do mar, mas o mar não sai dele. Ele, volta e meia, volta para pescar, como uma tartaruga que volta na sua praia de origem para desovar. Agora, numa cesta de maçãs podrinhas, sempre tem uma que brilha mais e se salva. A maçã da branca de neve? Não. O cara mais cabeça do pedaço. E, então, meu irmão consegui uma esposa elegante e disciplinada - que nem ele - um 'genkan' e 'surippas' na sua casa. E um piso limpo que brilha 366 dias do ano.

Ainda chego lá na casa dele, aqui em Sampa mesmo, largo meus sapatos. Fico descalça, é claro. E, desafio o garotinho a cozinhar comida japonesa. Já dei pra ele facas apropriadas, livro de receitas, barquinho para os sushis e shashimis. Nestes trinta e tantos anos de catequização culinária do curumim ovelha negra ainda não vi um sashimi. Em compensação, o moço faz o melhor bacalhau que eu já comi no Mundo. (Com M maiúsculo!) Um dia trago a criança de quase 2m para cozinhar aqui no Café. Passar pela porta da frente já vai ser um show. Pobre Olivier Anquier.

Eu ali pagando tributo para Marte, meu Deus das Facas, e minha curumin suplicando pra voltar pro Brasil.
Museu do Louvre - Paris 

Bem receita fácil para mim. Não vou dar moleza para vocês. Depois do espetáculo pirotécnico de flambar a linguiça na cozinha de casa, desafio todos para um duelo. Armas brancas: facas nipônicas. Ai, Marte, Meu Deus da Guerra, protegei-nos!

Agora, vou deixar só a foto com vocês. Amanhã eu dou a receita do arroz do sushi. Na quinta-feira, faço os hosomaki passo a passo. E sexta feira... como diz meu amor quando quer encantar as crianças 'Tcharãn'... surprise. Tem drink nem se eu acordar com enxaqueca!

BEIJOS GRANDES!!! ;0 ; )