quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Doces: São Cosme e Damião



Minha batalha com doces e açúcar é diária. Meu ego entende e está totalmente convencido de que eles nos fazem muito mal. E, eu vou continuar a protestar aqui neste espaço e postar aquelas receitas diet. Porém, minha alma as vezes derrapa, enfia o pé na jaca e escorrega no quiabo. Não que eu coma muitos doces, pelo contrário, mas acabo oferecendo para minhas crianças: filha, sobrinhos, afilhados, visitinhas e curumins do meu Café. E para os meus adultos-crianças também! Enorme contradição.  Ambiguidade a trabalhar.  


Sou sempre eu a lançar aquele apelo corruptor: "deixa ele comer um brigadeiro da titia. Deixa, deixa. Ele pode furar o bolo, sim." E a criançada se aproveita do apelo da tia Let e vêm todos pra debaixo da minha asa, ou melhor da minha mesa de brigadeiros. Eu adoro ver a carinha depois e as bochechas cheias e rosadas, mastigando uma bolota enorme.  E enfiar o dedo no glacê do bolo, então, pra mim é motivo para o nascimento de uma fada.

E isto tem tudo a ver com a data comemorada ontem no Catolicismo e de hoje nos cultos e religiões afro-brasileiras, em que são lembrados os Santos Cosme e Damião, padroeiros dos médicos, farmacêuticos e das crianças. Eles foram martirizados   na Síria, por volta de 300 d.C. pelo movimento iniciado pelo imperador Diocleciano, pois praticavam a medicina de forma gratuita e eram cristãos.

Não posso ignorar este dia. Na minha infância, eu ganhava uns caramelos finos da minha avó materna, que vinham de alguma confeitaria chic, numa caixinha dourada, cobertos com papel manteiga. Eu guardava a sete chaves e ia comendo devagarinho. E guardo profunda recordação também da geladeira exclusiva de doces - cinco andares de todos os tipos! - da minha avó paterna.  Tudo feito só pra a família. Eu vibrava tanto em ver aquele jardim das delícias que no fim até me esquecia de comer. Ficava confusa com tanta opção. Acho que o nível glicêmico subia só de olhar.

O fato é que hoje em dia as pessoas se esquecem desta data tão linda para as crianças. Ninguém mais presenteia nenhuma criança com docinhos e balinhas, naquelas sacolinhas vintage. Preferem deixar para outubro no Halloween. Que pena!

Mas, vou presentear vocês com a receita de brigadeiros de puro chocolate ao leite, com o qual eu domo os meus diabinhos queridos.

Brigadeiros de Chocolate ao leite

Ingredientes:   

100 gramas de chocolate ao leite picado
10 gramas de manteiga
375 gramas de leite condensado

Modo de fazer:

Derreta em banho maria o chocolate picado. Misture o chocolate, a manteiga e o leite condensado em uma panela e mexa até que a massa solte do fundo e dos lados da panela. Desligue o fogo e despeje a massa em um recipiente untado com uma fina camada de manteiga. Cubra a massa com um filme de PVC. O filme deve ficar aderente à massa. Deixe descansar de um dia para o outro. Enrole com as mãos úmidas. Não use manteiga para untar as mãos. Eu adoro passar num granulado de açúcar colorido ou de chocolate ao leite de boa qualidade.

Beijos doces, boa noite e bons sonhos!

P.S.: Ah, não se esqueçam de escovar os dentinhos tão logo possível 
após o doce.



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Que frio, Missoshiru-San!


E, finalmente, o inverno chegou! Ele que praticamente não compareceu este ano, deixando nossos casaquinhos embolorando e aquela vontade enorme de comer um fondue. Chegou na primavera. Chegou atrasado e veio sentar na janelinha. Trouxe a amiga chuva aqui em Sampa e acho que no resto do País também. Pois, é.  Nem as estações são mais confiáveis e pontuais. 

E, este comportamento climático rebelde reacende as discussões sobre o aquecimento global, blá, blá, blá... Mas, há alguns meses vi no programa do Jô uma entrevista com um climatologista da USP que para mim foi bombástica. E o papo do cara fazia todo o sentido. Ele afirmava veementemente que não existe esta de aquecimento global, que isto tudo é uma grande falácia, jogada de marketing contra a quebra das patentes de gases utilizados nas geladeiras. Jogada para vender mais geladeira e alterar a composição de desodorantes. E cobrar mais caro por isso. Ele não teve tempo de explicar em profundidade, mas só o que falou já me deixou alerta. Ainda estou buscando este assunto em outras publicações. Encontrei outros artigos sobre o tema e ainda estou digerindo esta histórias.


De qualquer forma, sigo fazendo minha parte. Pois ainda que ele diga que o desmatamento não tem nada a ver com esta esculhambação global, acho que um verdinho no planeta é tudo de bom. E que devemos tentar diminuir, pelo menos no nosso microambiente, no nosso ínfimo território, os impactos de tanta alteração, tanta desordem, tanto desperdício. Mais do que preservar o verde, as ações ambientais ao meu ver são ações de respeito ao próximo. De convivência e evolução até espiritual.


E como o frio chegou e eu não pude sair com minha bike, que congelou. Não posso comer fondue, pois o colesterol ainda não está Ok. Não consegui seguir a dieta "Raw", porque estou batendo queixo. Sobrou um bom e reconfortante missoshiru. Este caldinho japa entra não só no estomago, mas na alma. Melhor que isto tá difícil, viu? Só aquela sopa de inhame que já ensinei pra vocês.

Vai aí outra sopinha que vou dar pra vocês:

Missoshiru  

Ingredientes:

6 xícaras de água
3 colheres de sopa de preparo Missô
1/2 envelope de caldo de peixe ou 2 dadinhos (eta preguiça de fazer o caldo natural! Desculpem-me pela recaída)
200 gramas de tofu em cubos
3 colheres de sopa de broto de alfafa, de feijão, nori (alga) picadinha ou nirá fatiada

Modo de fazer: Ferva a água numa panela funda, acrescente o Missô e o caldo de peixe. Misture até dissolver tudo. Desligue o fogo. Sirva em pequenas tigelas, acrescentando o tofu e o que mais você escolher como acompanhamento. É fácil e nutritivo.

Dica: No mercado Apanã (Rua Turiassú, no. 1645, Pompéia) vocês encontram tudo orgânico a preços que compensam. O tofu orgânico deles é maravilhoso. Eles fazem entrega também.

Aproveitem o dia, ainda que esteja frio e cinza.

Beijos e saudações antárticas!!!




terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nunca só, mas sempre bem acompanhado: Cuscuz Marroquino

Rabat - entrada da Medina
E uma vez meu pai me relatou o som que um dia escutou bem de madrugada da janela de um hotel no Oriente. Ele é uma daquelas pessoas afortunadas que tem ouvido especial para música, sabe apreciar e escuta cada som, reconhece cada acorde e instrumento. Mas, o mais admirável nele é que recebeu o dom de descrever a música em palavras. Palavras que ele dirige a poucos, quase em segredo.



E eu, que não herdei estes dons, mas que sou ávida e curiosa por qualquer coisa diferente, que tenha história ou tradição por trás, corri pra saber que música era esta que chamava os homens para rezar na Medina, ou o Azaan, Adhan, também conhecida no Ocidente como "call to prayers". E, realmente, é uma música muito especial que tem o poder de nos atrair e nos elevar. Depois  entendi que esta música sagrada meio que "inspirou" os cantos templários e gregorianos. Procurem no youtube. Dadas as circunstâncias mundiais, fiquei com receio de adicionar aqui no post. E depois procurem por uma versão do canto na Torre (não é o reggae!), e me digam o que acharam. Lindo, né. Realmente, divino e sagrado. Quero comentários.

Bem, mais chega de papo cabeça já que muita gente por aí prefere um axé ou música country. E eu não vou nem citar os artistas preferidos do povo e discutir este assunto aqui, pois aí se eu te pego e não quero começar nenhuma guerra santa, muito menos aqui no meu blog dedicado a paixão pela gastronomia e pela vida. Totalmente peace and love. Afinal, eu sou da era de Aquário.

Voltando pra receita básica inspirada na música, resolvi fazer um cuscuz marroquino a minha moda. Sempre abrasileirando! Kkkkkk. E foi para acompanhar um poulet aux oignons, ou melhor, como diria o meu pai com todo seu poder de síntese, uma galinha com cebolas. Esta receita é mais complicadinha, e vai requerer um poder de síntese que o blog ainda não comporta. O blog, sabe? Então, vejo vocês em breve no Café Vélo Vert para um poulet. E segue o acompanhamento. Antes bem acompanhado e nunca só. #Calabocamagda.

Agora, só pra terminar os causos do dia, vocês sabiam qual é o prato mais apreciado pelos franceses? É, chuta aí. Eu estava lá em 2011 quando fizeram a pesquisa e anunciaram. Não é a quiche, não é o boeuf bourguignon, não é o steak tartar. No hit parade de Paris, é o cuscuz!!! E eu também amo cuscuz, de qualquer jeito. Só ou mal acompanhado.

Cuscuz a moda do Café Vélo Vert


Ingredientes:

1 cenoura média
250 gramas de farinha de cuscuz (sêmola)
250 ml de água
2 colheres de passas brancas
1 dente de alho descascado e picado em cubinhos bem pequenos
30 gramas de castanhas de cajú bem picadinhas (eh meu lado Nordestino que não me larga!)
Sal a gosto 
Azeite de oliva

Modo de fazer: Descasque e limpe a cenoura, corte-a julienne e depois em cubinhos bem miúdos. Cozinhe a cenoura por 5 min em água fervente com pouco sal. Escorra e reserve. Cozinhe o cuscuz como indicado na caixinha. Cada tipo tem um modo de preparo indicado. Eu costumo ferver a água com sal e uma colher de sopa de azeite de oliva, acrescento o cuscuz, cozinho por mais 3 min até a água da panela secar. Sempre mexendo. Depois apago o fogo e deixo tampado para que os grãos fiquem bem hidratados.  Destampo a panela depois de 5 min, separo os grãos com uma colher delicadamente e acrescento mais um fio de azeite. Após misture ao cuscuz os demais ingredientes. Deixe para acrescentar as castanhas somente quando for servir para que não percam a crocância.




Bom dia!!!


Saboreem o dia e elevem as suas preces!


Beijos!!!


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Erros e Acertos: Crostini

Science to the Power of Art - Blog by Zachary Copfer
"Quem nunca cometeu um erro, nunca tentou algo novo." 
(Albert Einstein)


E assim começo a semana com a citação deste cientista, que admiro muito. Para mim, muito mais do que um cientista, uma alma livre e inovadora na busca pelo bem comum. E o admiro mais ainda agora que descobri que ele também amava uma bike. 






E a citação acima diz tudo. É errando que aprendemos. É tentando, explorando possibilidades, que conseguimos obter outros produtos, que estão muito além da nossa limitada vontade e fronteira inicial.

E o que isto tem a ver com a gastronomia? Tudo. Primeiro, eu acredito fortemente que principalmente a culinária, que é parte deste universo maior que é a gastronomia, é uma questão de alquimia. Físico-química pura. Nela, diferentemente da matemática, a ordem dos fatores altera o produto. A desordem e o desequilíbrio de ingredientes pode destruir sua receita, com poder devastador de momentos que poderiam ter sido especiais e inigualáveis.

Mas, tive sorte desta vez. A sorte é a amiga do acaso. Eu estava testando uma receita que ganhei há pouco tempo. Eu tive a audácia de pensar que poderia encontrar uma receita de quiche melhor que a francesa do livro de minha avó. Executada por mim desde que atingi a altura do forno. Não espalhem por aí, mas foi com um quiche lorraine que conquistei o meu marido. Hehe. Ledo engano. Pois, é. Errei tudo. E daí não podia perder os ingredientes da mal fadada receita, então acrescentei outros e obtive para  minha surpresa e delírio - :)' - massa de crostini maravilhosa, que pode ser temperada com diversas ervas e coberturas.

Então, voilá! Vou dar a receita com o erro mesmo e com o caminho do acerto. Não se assustem com a ordem ou desordem dos fatores. Mas, sigam o meu erro, depois me contem o resultado. Qualquer problema, liguem para o SOS Café Vélo Vert. Parafraseando aquele banco "The CVV never sleeps".

Crostini   

Ingredientes:

500 gramas de farinha de trigo
100 gramas de manteiga
500 ml de água gelada
1 colher de chá de sal
10 gramas de fermento instantâneo Fleshman (1/2 sachê)

Modo de Fazer: Numa tigela funda misture os quatro primeiros ingredientes até obter uma massa elástica e homogênea. Depois acrescente a esta massa o fermento. - Este passo aqui é o acerto do erro. Ou o erro do acerto, sei lá! - Sove bem a massa de modo que o fermento se misture bem a ela. Faça uma bola e deixe a massa descansar envolta num filme de PVC por duas horas. Sove-a novamente para tirar as bolhas que se formaram no seu interior. Abra a massa com um rolo até ficar bem fina. Corte em tiras largas. Você poderá temperar os crostini com o pesto que sobrou da receita do Risoni, ervas finas e sal marinho, gergelim e capim limão, orégano e tudo mais que desejar. Numa forma untada, disponha as tiras leve para assar em forno preaquecido a 180˚C por 10 min ou até que fiquem ligeiramente douradas. 




Uma excelente semana para vocês, 
cheia de ousadia e sucesso!



Beijos!!!







sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Primavera: Shot verde com limão siciliano e gengibre

Foto: Leticia Amaral

Semaninha mais ou menos neste blog, né? Eu mal passei aqui pra dar um sorriso. Passo agora depois de alguns dias com este sorriso amarelo! Que dirá postar receita, né? Mas, justa causa. Estou fazendo tudo ao mesmo tempo. Estudando, escrevendo, traduzindo para o português livro de culinária hebraica, cozinhando, fazendo evento, planejando negócios e viagens, criando filhos, recebendo amigos e família em casa, fazendo tour por Sampa com minhas visitas... Tudo ao mesmo tempo, como sempre!  



Contribuição: Marcia Amaral
Quando se estabelece uma meta, busca-se uma paixão, persegue-se um sonho, é muito difícil não ter intensidade e uma pegada "overloaded". Afinal de contas, é chegada a primavera, época em que tudo aquilo que passou um negro e tenebroso inverno no fundo vir à tona, florescer. E, como é bom estar apaixonado, por uma idéia, uma pessoa, uma casa, um projeto, um filho, um livro, sua vida, um sorriso amigo, correr, pedalar... qualquer coisa. E se for tudo ao mesmo tempo, muito melhor! A paixão é o combustível da vida. 

*-* Olhinhos brilhando e Carlos Santana no Ipad! 




E, por falar em fim de inverno, chegou a hora de fazer aquela limpeza no seu corpo e em tudo aquilo que ficou parado nele durante esta estação. E, por isso, o drink de hoje não tem álcool, é baseado no princípio da cozinha Raw Food. Isto aí! Comer vegetais, leguminosas, raízes e grãos vivos, ativados ou germinando e sem cocção ou a uma temperatura de cocção menor do que 42˚C. E isto é muito mais do que culinária ou gastronomia. Além de aprender a colocar o sinal do grau no texto do blog (finalmente!), aprendi que Raw Food é um estilo de vida. Mas, como nós não estamos tão acostumados com este retorno às origens, é bom começar devagar. E ir introduzindo os hábitos e as técnicas aos poucos. Sem radicalismos. De tudo um pouco, na comida. Só na vida, não. Na vida, prefiro o vale tudo ao mesmo tempo, #AGORA!

Então, vamos provar um shot bem gelado:

Shot verde de limão siciliano e gengibre

Foto: Leticia Amaral

Ingredientes:

6 folhas de alface frisé roxa
1/2 suco de limão siciliano
1 pedaço de 2 cm de gengibre fresco
2 maçãs pequenas sem casca e sementes
170 ml de água de côco
150 ml de água gelada
20 ml de chá verde
canela em pó para enfeitar



Modo de Fazer: Junte todos os ingredientes no liquidificador ou processador de alimentos, colocando os ingredientes mais líquidos primeiro e as folhas por último. Bata tudo. Coe com uma peneira bem fina. Leve novamente ao liquidificador com 5 pedras de gelo e triture as pedras junto ao suco. Depois é só servir como um pequeno shot com canela polvilhada por cima. Porém a rapaziada que passou aqui pelo Café agora no início da noite achou que apesar do disclaimer acima, eu já estou meio radical, recomendaram fortemente acrescentar a cada shot um dedinho de cachaça orgânica, de preferência vinda de Parati. E não é que ficou uma delícia. 

Bom fim de semana!



Foto: Leticia Amaral


Beijos!!!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Yes, nós temos banana... e diet! Crumble de Banana.

Banana - Andy Warhol

Yes, nós temos lindas bananas! Bananas nanicas, que têm vitamina. E vamos fazer um delicioso crumble diet com elas. É, diet! Para não engordar. Só crescer.


E vocês sabiam que a banana não é uma fruta nativa destas terras brasileiras. É, gente, a banana é originária da Ásia, e depois foi exportada para a África e de lá foi trazida pelos portugueses, tendo se adaptado plenamente ao clima brasileiro. Isto é que é globalização! Daí, depois de muito passa passa, atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores mundiais desta fruta.


Mas, peraí, por que estou falando em fruta, se nem fruta na concepção da biologia a banana é? Na verdade, é um fruto chamado partenocárpico, pois se forma a partir do ovário não amadurecido, não fecundado da planta. É um processo diferente dos das frutas reais, que nascem após o ovário das plantas terem sido fecundados.



Já o crumble é uma receita inglesa, que aprendi com meus amigos ingleses que eu admiro tanto. Eles são demais no quesito "bake a cake"! E esta maneira de fazer o doce ou a "semi torta", foi desenvolvida durante ou após a Segunda Guerra Mundial, quando havia uma certa escassez de farinha para se fazer uma torta normal ou um bolo inglês. Então, desenvolveram este método de usar menos farinha, fazendo uma farofa que é misturada às frutas, como maçãs, ameixas e frutas vermelhas, assim como cereais e açúcar mascavo. Sobrava mais tempo também para as donas de casa se dedicarem a outros afazeres, como por exemplo trabalhar fora. 

Mas, eu como tudo que eu pego, eu transformo, tento "abrasileirar". Tenho este lado meio Lavoisier tupiniquim. Mas,  entendo que este é o grande barato da gastronomia. Gastronomia é acima de tudo físico-química com muita criatividade. Você ter a possibilidade de aprender com uma outra cultura e fazer de modo compatível com os recursos disponíveis no local onde você mora respeitando os fenômenos físico-químicos. Isto nada mais é do que implementar a micigenação que está no DNA brasileiro.


Então, não ponham reparo se a receita que vocês tiverem de crumble não for exatamente como a minha. Não adianta comentar e dizer que está faltando isto ou aquilo, que estava no livro da nonna, blá, blá, blá... pois vai faltar mesmo. Pode comentar outra coisa, tá? Ainda mais que eu tornei o doce diet, com a adição da sucralose, que é pro meu paizinho querido poder comer. O que garanto pra vocês é que é minha a receita e que se fizerem o passo a passo vai ficar deliciosa como a minha execução para o post de hoje. Estou entregando com carinho para vocês, segredinho do Café Vélo Vert, que um dia e em breve, espero poder servi-lo ao vivo e a cores.

Ó aí ô, a receita:

Crumble de Banana diet

6 bananas nanicas cortadas em fatias em sentido longitudinal
100 gramas de farinha de trigo integral
30 gramas de manteiga sem sal em cubinhos
2 colheres de sopa de canela em pó
2 colheres de sopa de sucralose para forno e fogão
2 colheres de passas pretas



Modo de fazer: Numa travessa refratária untada com uma fina camada de manteiga, disponha as fatias das bananas em uma só camada. Para fazer a massa, numa vasilha misture primeiro a manteiga a farinha até obter uma farofa molhada, depois acrescente os demais ingredientes e misture tudo. Disponha esta farofa sobre as fatias de banana, e leve ao fogo preaquecido a 180C. Deixe assar por 30 minutos ou até que as laterais da travessa fiquem marrons.

Deliciosa opção para servir com sorvete de creme diet ou mesmo em pequenas verrines com calda de frutas vermelhas e brigadeiro diet. Outro dia faço a montagem da verrine para vocês aqui no blog.





Um dia maravilhoso para todos!


Beijão!!!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Contém Glúten? Nãaaao! Torta de Quinua com Brócolis

Foto: Letícia Amaral
Antes de começar não posso deixar passar em branco a comemoração desta data, que na verdade já começou ontem. É o Hosh Hashaná, o dia em que, de acordo com a crença judaíca, Deus criou o mundo. É um tempo em que os judeus e os cabalistas refletem e pedem perdão, tempo de serem perdoados todos os pecados, tempo de limpar a alma, de renovação e de se encontrarem com suas raízes de volta à época em que o povo judeu teve que se exilar na mesopotâmia, quando foram expulsos de Israel pelos babilônicos. Só a título de curiosidade, ontem iniciou-se, na contagem do calendário judaíco, que segue o calendário lunar, o ano 5773. 

Pensando em renovação, eu acho que comentei em outro post que tenho muitas primas, amigas e conhecidas que estão grávidas. E a gravidez é o tempo mais bonito da vida de uma mulher. É uma passagem para outra dimensão. Realmente, um momento de transcendência para muitas. Mas, é também um momento de muitas dúvidas e preocupações. Especialmente, com relação a dieta e aos exercícios. Se sou vegetariana, como ou não como carne? Se tenho intolerância à lactose, tenho que tomar leite, se não meu filho não será saudável? Se tenho doença celíaca e não posso consumir glúten de forma alguma, tenho que ficar mais alerta? E a pergunta que não quer calar: posso andar de bicicleta? Posso correr? Devo ou não fazer massagem?

Todas estas questões, exceto a do glúten, foram objeto do meu temor há cerca de dez anos atrás quando fiquei grávida da minha primeira filha, já com trinta e tantos anos. E isto tudo tem que ser muito bem esclarecido junto ao médico que acompanha o pré-natal. Nada como esclarecer e seguir durantes os nove meses estas orientações tão importantes. Não dá pra ficar ouvindo tudo que todo mundo fala por aí, muito menos em sites.

Quiches de Alho Porró - Café Vélo Vert

Bem, um dos pratos que eu mais gosto de executar na cozinha francesa é o quiche, que modéstia a parte, quem já provou o meu quiche,  elaborado com base na receita francesa do livro da minha avó materna, repetiu e pede de novo. É claro que eu vou com o passar dos anos aprimorando a receita, incorporando uns ingredientes extra e abrasileirando, como eu gosto de fazer com toda receita herdada e até as copiadas de livros. O tempo passa e até as receitas, assim como as pessoas, devem se modificar, amadurecer. Um dia faço pra vocês no Café Vélo Vert. Aguardem. Mas, eu tenho uma conhecida que está grávida e tem doença celíaca e não pode comer meu quiche.... :( 


Fui buscar e trouxe, então, na minha mega ultra bolsa verde uma receita super parecida com a de um quiche que não contém glúten e de quebra é feita com brócolis, que é um vegetal que tem mais cálcio do que o leite.  A farinha utilizada é de quinua. Melhor ainda, em termos de nutrientes. Então, a receita é boa para todas as minhas gravidinhas queridas e também o povo da melhor idade. Gente, este pessoal está fogo! Eles estão vivendo cada vez mais e aproveitando a vida como eles só. Então, tem que ter os ossinhos bem firmes pra aguentar carregar tanta bagagem, tanto shopping e fazer tanto passeio por aí! Tudo isso com baixa caloria. Só 95 kcal por fatia!!! Isto é pouco mais que um pão de queijo, só que com muito mais nutrientes.

Junto, pra a receita! Que eu já estou me empolgando e o povo reclama que eu escrevo demais e posto figura de menos. Video, então, nem pensar, né, tio Rafa?

Foto: Letícia Amaral /Café Vélo Vert

Torta de Quinua com Brócolis 

Ingredientes:

Massa:

1 1/2 xícara de chá de farinha de quinua
3 colheres de sopa de manteiga gelada
1/2 colher de café de sal
5 colheres de sopa de água gelada

Recheio:

300 gramas de ricota fresca
1 ovo
4 xícaras de brócolis cozido no vapor
1/2 cebola ralada
1/2 copo de leite desnatado
sal e orégano a gosto (coloquei só uma colher de sopa 

Modo de fazer: Numa tigela funda, misture os ingredientes da massa até obter uma textura homogenea. Faça uma bola, enrole em um filme PVC e deixe descansar na geladeira por 30 minutos. Forre o fundo e as laterais de uma forma redonda pequena de aro removível, para assar quiches.  Bata todos os ingredientes do recheio no liquidificador e cubra a massa. Leve para assar em forno préaquecido a 180C por 30 minutos.

Observações: A receita está aí. No Brasil, por lei todos os produtos alimentícios industrializados devem conter a indicação sobre a existência ou não de glúten em sua fórmula. Os que eu usei na minha receita não tinham. Mas, fiquem atentos ao comprar os ingredientes para executar esta dica. Se você tem doença celíaca, e não pode consumir glúten, redobre a atenção. Especialmente, se estiver grávida. 

Bom dia para todos! 


Um ótimo começo de semana!
Flor de São José - Estrela de Davi

Beijos!!!!

* Postem no link abaixo seus comentários!


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Todos os caminhos levam a Roma

Bike Dolce & Gabbana

E o drink de hoje foi provocado por um email que recebi de um amigo com esta bike aí. L.I.N.D.A.! Dolce & Gabanna, é claro. Não sei porque achou a minhaaaa caaaraaa e sugeriu trocar o ícone do café e da minha vida, a tradicional bike verde, por uma pegada mais atual e fashion, tipo...animal print. O lado 'B' está considerando. 

O fato é que a tal bike me fez lembrar de Roma,  e esta cidade-paixão pra mim traz muitas e muitas recordações maravilhosas, excluindo o trânsito é claro. Foi lá que escutei a  primeira xingada de um motorista aloprado: "Tu sei proprio una deficienti! #@@*$$XXXX!" Mas, com uma destas em Roma, seria totalmente bapho, né? Quero o capacete combinando, viu?

Foto: Renato Spadafora
Eu que estava quase postando um drink a la Carlos Santana, guardei o post para a próxima semana. Para abrir a primavera. Aguardem. Abri o bar e escolhi algo mais próximo do fim do verão romano. Vamos fingir que estamos na Piazza Navona, aí do lado, neste mesmo entardecer, no verão, tomando um prosecco bem gelado? Se todos os caminhos levam a Roma, porque não sonhar? Talvez o caminho do sonho nos leve pra lá também.

Ainda que o prosecco não seja tipicamente romano - já falei disto, o acompanhamento escolhido é. Que tal apreciar um prosecco acompanhado de um queijo Pecorino Romano e umas fatias de pêra. Mais chic que isto só tomando numa mesa e encostada esta bici D&G. Cena luxo, não? Pronto, soltei a perua do armário!  Como diz uma outra amiga querida, a Paulinha, plagiando alguém por aí: - Pronto, falei! 

Não vou ensinar nada sobre o prosecco, porque não tenho esta pretensão. E acho que é uma escolha muito pessoal e como diz um outro amigo "custo-benefício". Além disso, sempre tem um enôchato na família ou no círculo de amigos pra te dar uma dica.  Que não seja eu! 

Bem, do queijo pecorino, já quero falar brevemente. É um queijo feito de leite de ovelha cru, de origem italiana, de casca dura. Na Itália, tem-se basicamente três tipos deste queijo: o romano (do Lazio), o sardo (da Sardenha) e o toscano (toda região da Toscana). O que diferencia cada um é o tempo de maturação. Dos três, o primeiro é o mais picante, pois demora mais tempo para maturar (cerca de 8 a 10 meses). O toscano é o que demora menos para maturar e por isso tem uma consistência mais tenra, flexível, enquanto os outros dois têm uma textura mais granular. Dizem que tem uns toscanos isentos de lactose. Ainda vou conferir isto, pois seria uma ótima alternativa para quem tem intolerância à lactose. Se eu não morrer, passo a dica no post!

Por fim, diante de tanta peruagem, vocês devem estar assustados, né? Mas me dêem um creditozinho, please. Não me comparem aquelas mocinhas do progama de TV, viu? Eu bebo água, até torneiral e sem gelo, se for preciso. É claro. Ah, e ando de bike, a pé e de metrô também!  Além disso, sou uma "jetless". Semana que vem, prometo que volto pro armário e trago umas receitinhas lights e assuntos mais cabeça, combinando mais com um estilo Hosh Hashanah. 


Bora pro findi!


Beijos!!!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Creme de Inhame com Blues



O Pensador - Auguste Rodin
Tem semanas que a gente se sente assim cansado, com a pele não tão viçosa. Provavelmente, se pararmos para analisar, esta assim como as semanas anteriores, devem ter sido difíceis, trabalhosas, corridas. Novidade, né?! Ou, as vezes, regadas por muitos drinks, carne e açúcares. Alimentos que pensamos que vão nos dar mais energia, alegria, mas que no fim roubam o resto daquela pouca que sobrou. Os efeitos são todos passageiros. O que fica, no final, é o cobrador! Impiedoso, retira todo o seu brilho. Ou então você está com TPM ou na pré-menopausa - como eu! Ih, olha eu aqui revelando minha idade. Pó parar!



Já se sentiu assim meio blues? Tipo Muddy Waters em "I am the blues"? IloveMuddy#! Aí no vídeo, na capa do álbum "After the Rain" (1969). Ele está segurando um sapo. Será que vai ter que engolir que nem muita gente por aí?



Nestes dias, o resgate é culinária de raíz. E não vem pensando que eu sou uma gourmetida, não. Não estou falando aqui do termo cunhado pelos iniciados, que quer dizer a culinária que se faz com base nos ingredientes de um local, de uma região. Apesar de isto estar muito em voga por aí, na verdade, minha proposta é mais descomplicada. Estou simplesmente falando em pegar uma raíz que é muito pouco conhecida localmente, e fazer um creme, uma sopinha mais cremosa, básica para depurar o organismo. Pra mim isto tem um efeito maravilhoso.

O tubérculo em questão é o inhame, que o povo aqui de Sampa confunde muito com o cará. No mercado fica até misturado as vezes. Difícil de identificar. Mas, cará é cará e inhame é inhame. O cará tem a casca mais fina e clara. Enquanto o inhame é menor, mais redondinho, e tem a casca mais fibrosa e marrom. Quando cozido o inhame tem uma cor cinza. Mas, apesar da cor não ser tão atrativa, esta raíz traz muitos benefícios. Você pode acrescentar uma erva. Um verdinho, gente! Calma! No caso minha preferência, seguindo o conceito original da cozinha de raíz, é usar o coentro, que eu amo de paixão. 


E aí a dupla inhame e coentro vão dar aquele "up" no seu humor. O inhame é rico em proteínas, sódio e potássio e o coentro conhecido por suas propriedades estimulantes e afrodisíacas. Os índios utilizam o inhame para se proteger de doenças transmitidas por mosquitos, como malária, dengue etc. Te garanto que você vai acordar amanhã já escutando Santana em "Smooth". Se sentindo bem mais "caliente".



E, bora pra receita, gente, que amanhã tem mais drink! E temos que estar recuperados para perder de novo as energias. Pois  a vida é assim. É um constante perde e recupera. Preparem-se!

Creme de







Ingredientes:

5 inhames médios descascados e picados
2 dentes de alho espremidos
1 colher de sopa de azeite
1 litro de caldo base para a sopa (ver o post de  julho "Caldo Base")
sal a gosto




Modo de Fazer: Numa panela funda, esquentar o azeite e dourar o alho. Refogar o inhame. Acrescentar o caldo e cozinhar o inhame até que fique bem macio.  Corrija o sal neste momento. Se precisar, acrescente mais água. Bata o inhame no liquidificador enquanto ainda estiver quente. E vá acrescentando a água da cocção aos poucos até obter um creme na espessura que te agradar. Sirva em pequenas tijelas para sopa, acrescente o orégano picadinho e um fio de azeite.

"Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio."(Hipócrates)


Beijos!